O “chronoworking” é uma nova proposta no mercado que sugere um modelo de trabalho com horários completamente flexíveis. Este modelo permite que os profissionais escolham o melhor momento para realizar suas atividades, com total liberdade de horário. Para Wagner Gattaz, presidente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, este modelo pode reduzir as chances de desenvolver condições como ansiedade, depressão e burnout.

Um modelo que condiz com as nossas diferenças biológicas

O ciclo circadiano de cada pessoa, que é responsável por regular o nosso metabolismo e os nossos hormônios, varia de uma pessoa para outra. Por isso, para alguns, ter o pico de produtividade durante a madrugada ajuda no rendimento, enquanto outros já acordam às 6h cheios de disposição. Segundo Gattaz, a autonomia é um dos principais "fatores protetores" do bem-estar no trabalho e um exemplo é o home office, que permitiu que as pessoas pudessem adequar melhor o trabalho ao seu ritmo biológico e aumentar a produtividade.

Empresas têm dificuldade em se adaptar a novos modelos

De acordo com CEO e fundadora da CKZ Diversity, Cris Kerr, as gestões brasileiras ainda são muito atreladas ao controle rígido de horários. Nenhuma das empresas que ela atende cogita adotar o modelo de chronoworking. Ela afirma que "para uma empresa ser diversa e inclusiva, ela precisa entender a individualidade de cada pessoa". Dessa forma, a pessoa se sente mais valorizada e, consequentemente, entrega mais.

Lei trabalhista pode ser obstáculo para adoção do "chronoworking"

A legislação brasileira estabelece que a jornada padrão é de oito horas por dia e 44 horas por semana. A flexibilização completa pode ser difícil, mas não há um horário estabelecido e não precisa ser ininterrupta, pontua a advogada trabalhista Fernanda Perregil. Apesar disso, há algumas exigências na lei que podem desmotivar os patrões. Além disso, a gestão precisa definir como regular as horas trabalhadas pelas pessoas, de maneira que a jornada não saia do controle da empresa.

No entanto, para que isso seja possível, a advogada enfatiza que é necessária uma reflexão sobre o direito à desconexão do trabalho. Caso isso não seja respeitado, o bem-estar do profissional pode ser afetado. Além disso, o chronoworking pode ser difícil de ser implementado por profissionais que trabalham com relações comerciais, pois trabalhar em horários não convencionais pode não funcionar muito bem para quem precisa interagir com outras pessoas.

Conclusão

O "chronoworking" é um modelo de trabalho que pode trazer diversas vantagens tanto para os profissionais, quanto para as empresas. Porém, sua implementação deve ser cuidadosa e pensada, levando em conta o bem-estar dos trabalhadores e as possibilidades legais. Além disso, o respeito à individualidade de cada pessoa é fundamental para que as empresas tenham um ambiente de trabalho mais inclusivo e produtivo.

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